A historiografia do cinema haitiano é muito limitada. Consiste apenas em uma edição dupla da revista do Instituto Francês do Haiti Conjonction, lançada em 1983, dedicada ao cinema; um livro de Arnold Antonin, publicado durante o mesmo ano, intitulado Matériel pour une préhidtoire du cinema haitien (“Material para uma Pré-história do Cinema Haitiano”); e um artigo do mesmo autor no livro ‘Cinéma de l’Amérique Latine’ (“Cinema da América Latina”), de 1981, dos autores Guy Hannebel e Alfonso Gumucio Dragón.
O cinema apareceu no Haiti quase ao mesmo tempo que em outros países. Em 14 de dezembro de 1899, um representante do Cinema Lumiere fez a primeira exibição fílmica pública no Petit Séminaire enquanto visitava a ilha. No dia seguinte, ele filmou um incêndio em Porto Príncipe.
Existem vários filmes da época da ocupação dos EUA (1915-34) na Biblioteca do Congresso; estes retratam marinheiros e cerimonias oficiais.
Outros filmes antigos filmados no Haiti, retratando seu sistema de saúde, agricultura, e cenas da vida em sociedade (particularmente o carnaval), podem ser encontrados na Biblioteca do Congresso e na Biblioteca de Pathé-Ciné.
A primeira exibição contínua de filmes, depois da visita do representante dos Irmãos Lumiere, se estabeleceu a partir de 1907 no Pétion-Ville Grand Hotel, e depois a partir de 1914 no Parisiana, localizado em Porto Príncipe, na Champ de Mars. O Parisiense foi o primeiro grande cinema e teatro (com capacidade para 500 pessoas) que existiu no país.
Em 1933, o Cinema Eden foi inaugurado em Cabo Haitiano. O Paramount, em Porto Príncipe, abriu no ano seguinte, e o Rex Theater foi aberto em 1935.
O pioneiro do rádio, Ricardo Widmaier, foi também um pioneiro no cinema. No começo dos anos 50’s, ele fez noticiários que foram filmados no Cinema Paramount. Em seu laboratório na cidade de Porto Príncipe, ele criou seus filmes 16mm em preto e branco e em cores. Ele produziu o filme Moi, je suis belle junto com Edouard Guilbaud. Jean Dominique, o roteirista, também emprestou sua voz para narração. O som foi feito por Herby Widmaier, que na época da produção tinha apenas 15 anos.
Mesmo não tendo nenhuma pesquisa sistemática sobre o assunto, e portanto nenhuma informação precisa, sabe-se que foram feitos vários filmes de variedade antes da ascensão de François Duvalier, o “Papa Doc”, presidente ditador do Haiti durante os anos de 1957 a 1971. Emmanuel e Edouard Guilbaud realizaram diversos filmes sobre eventos políticos e atletas, muitas vezes sob a direção de Ricardo Widmaier.